O Tempo das texturas: A natureza traduzida em arquitetura de interior
Assinado por Marcelo Wolschick e Alexandre Müller, do escritório Woho, projeto em traduz o ritmo da natureza a partir de soluções estruturais e escolhas materiais precisas

Em um apartamento voltado para o leste da Ilha de Santa Catarina, a arquitetura interior parte de uma premissa simples: observar a natureza e traduzir seu tempo em espaços possíveis. O projeto, de autoria dos arquitetos Marcelo Wolschick e Alexandre Müller, do escritório Woho nasce da vontade de estabelecer continuidade entre o urbano e o orgânico, entre o interior protegido e os elementos externos — luz, vento e matéria.
A intervenção estrutural redefiniu a planta original para dar fluidez aos ambientes e ampliar a entrada de luz natural. A retirada de algumas divisórias possibilitou a criação de uma área social integrada, em que sala de estar, jantar e cozinha se conectam sem hierarquias rígidas. Para reforçar essa fluidez, os arquitetos optaram por materiais de transição suave: pisos contínuos, marcenaria com veios aparentes e mobiliário que dialoga com o entorno.

No living, a atmosfera é conduzida por tons neutros e superfícies opacas. O sofá Positano organiza o estar diante da mesa de jantar Cairá, acompanhada das cadeiras Araçá — todas da ContTi Home Design. As mesas de apoio Vic e bistrô Elba, também da marca, pontuam o ambiente com formas simples e funcionais, reforçando a linguagem contida do espaço.
Na área externa, o paisagismo foi pensado como desdobramento natural da paleta interna. A banqueta Meca e a poltrona Cassis, assinada por Ibanez Razzera, aparecem como peças-chave para o convívio ao ar livre, junto à mesa lateral Bonna, também de sua autoria, que contribui com uma materialidade mais bruta, afinada ao conceito do projeto.

Nos quartos, a busca por conforto tátil orienta as escolhas. A cama com cabeceira em boucle e os pufes Aisha e Mumbai trazem volumetria e calor, enquanto as mesas laterais Colina e outros móveis pontuais, como a cabeceira da suíte, mantém o rigor compositivo do restante da casa.
Ao privilegiar texturas e formas que remetem ao ambiente natural, o projeto não busca literalidade, mas permanência — uma arquitetura que absorve o tempo sem pressa.
Texto:
Casa de la Gracia Comunica
Fotos: Ivan Araújo