Quando a serra dita as regras do design
Em Alfredo Wagner, Isabela Fraga escolhe mobiliário solto da ContTi Home Design para criar um ambiente funcional e esteticamente coeso, adaptado ao ritmo local

No coração de Alfredo Wagner, cidade serrana marcada por sua geografia imponente e certo distanciamento dos grandes eixos urbanos, residir supõe, também, assumir escolhas condizentes com a paisagem e seus desafios logísticos. Daí nasce este projeto residencial criado pela arquiteta Isabela Fraga, onde o contexto da montanha não é mero pano de fundo, mas agente silencioso de decisões, sobretudo na forma como a casa dialoga com o tempo, o uso e a distância.
Ao refletir sobre as demandas dos moradores, Isabela destaca que a praticidade orientou o gesto principal: “A opção por peças soltas responde diretamente às questões de manutenção, inevitavelmente mais delicadas na serra. Cabia conceber um espaço que permitisse variações, facilitasse ajustes de configuração e dispensasse intervenções constantes de marcenaria”. O living e a cozinha, portanto, se organizam em torno desse pressuposto, tornando o mobiliário um fio condutor da flexibilidade cotidiana, sem diluir o rigor estético.

A seleção das peças, todas da ContTi Home Design, imprime identidade à casa ao mesmo tempo em que resolve múltiplas funções. As
cadeiras Paola, assinadas por Ibanez Razzera, dialogam visualmente com a
mesa de jantar Oblíqua, criação do estúdio Dua.Dsg, ancorada pelo tampo de mármore que harmoniza com a pedra já presente na escada original da residência. O
sofá Masp, de Maurício Bomfim, estrutura a área de estar e ganha a companhia do
Carro-Bar Metrópole, assinado por Lucas Azevedo, mais que adorno, o bar se vê incorporado aos rituais da casa serrana, tanto para o cotidiano quanto para os encontros mais demorados. Já o
buffet Tamboré, da Asa Design, assume papel estratégico ao receber, logo na entrada, objetos usuais dos moradores e sustentar peças de arte que modulam o ambiente. A
mesa de centro Tangueto, também desenhada por
Ibanez Razzera, completa a composição com leveza compatível à circulação fluida proposta pela arquiteta.

Essas escolhas dialogam de maneira delicada com os elementos já existentes—em especial a escada, esculpida em mármore, cuja presença foi suavemente replicada no tampo da mesa de jantar. A madeira, incorporada nos pés dos móveis, no aparador e na marcenaria do home de TV, atua como elemento de transição, aquecendo a paleta predominantemente cinza do imóvel. “Apostamos em materiais que pudessem, ao mesmo tempo, remeter à natureza ao redor e trazer conforto sensorial para dentro de casa”, observa Isabela.
Os critérios para o mobiliário solto transcendem a mera substituição automática do fixo: pretendem promover um uso versátil dos ambientes, contemplando tanto momentos de recepção quanto o cotidiano silencioso da serra. O couro, especificado nas cadeiras, responde à busca por durabilidade, enquanto as cores dos tecidos e almofadas, escolhidas na mesma cartela das cadeiras, definem pontos de contato entre a paisagem externa e o interior.
Nesse cenário, a casa de Alfredo Wagner não apenas se adapta à serra—ela se integra a ela, acolhendo as complexidades do cotidiano e propondo uma ocupação fluida, onde cada elemento cumpre seu papel e o conjunto reverbera, com discrição, a vida no alto das montanhas.
Fotos: Estudioteca fotografia
Texto:
Casa de la Gracia Comunica